domingo, 11 de dezembro de 2011

As águas de Alfama





localização de Alfama

Dada sua situação estratégica no território, Alfama sofreu ocupação de diferentes povos, caracterizando-se como um dos bairros mais antigos da cidade de Lisboa. A abundancia de fontes de água potável na região, foi um dos fatores que favoreceram sua ocupação, algumas beiravam os 34 graus. O nome Alfama, deriva do termo árabe Alhama, que significa fonte quente.

O primeiro estabelecimento termal com fim lucrativos, data de 1716, a alçaria do Duque de Cadaval, posteriormente em 1810 surgem os banhos de Dona Clara e Banhos do Doutor entre outros menores. É interessante que se denomine a estas casas o termo balneários públicos, já que suas instalações eram improvisadas se comparadas a uma Termas.




Mapa nascentes históricas e alçarias


Além do aproveitamento das águas de Alfama para os banhos terapêuticos, estes afloramentos possibilitaram a consolidação de uma dinâmica econômica, sendo altamente utilizadas em olarias e cortumes, para a lavagem de couro e lã. A denominação do Beco do cortume e das Alçarias, permanecem a indicar esta forte vocação do passado.



É interessante imaginar que estas nascentes, hoje perdidas sobre os arruamentos e casas, poderiam voltar a integrar de alguma maneira a paisagem urbana. As bicas e fontes públicas possuem a característica de transformar sua envolvente, de forma a criar uma forte relação com seu entorno, podendo gerar ao transeunte diferentes sensações, sejam estas térmicas ou sonoras com o correr das águas.

Em meu percorrido por Alfama encontrei inúmeras bicas, onde apenas 2 estavam a funcionar, uma destas na rua da Adica, protegida por uma parreira, que sombreia os bancos de madeira postos ao lado. Creio que a apropriação do espaço público pelos moradores é o primeiro passo para a revitalização destes antigos logradouros.



A intervenção

relação entre a cerca Moura(verde) e a cerca Fernandina ( vermelho) com as nascentes históricas


A maior parte das nascentes se encontrava fora da cidade murada, tendo suas áreas somadas ao tecido intramuros somente após a expulsão dos mouros. Em minha intervenção levo em conta os resquícios da muralha Moura, mapeando seu limite em relação as antigas fontes, indicando um percurso por entre os largos selecionados.



área de intervenção




1- Fonte do Largo da Judiaria






2-Fonte Largo São Rafael




3- Fonte das Ratas

recolha popular de garrafões- (Garcez, 1963)


Breve histórico. fonte das ratas.

1868- tanque passa para a posse da companhia das águas de Lisboa, tendo seus acessos vedados.
1880- o tanque é coberto, tornando-se depósito da companhia de águas.

(?) – nascente redescoberta com a demolição de um antigo muro pertencente a Alçaria do Duque
.
1963- 64- “Fonte das Múltiplas virtudes terapêuticas”, a reputação curativa de suas águas chega ao auge, se espalhando rapidamente. Grandes multidões se enfileiravam á espera de sua vez para recolher água.

A Fonte possuía a capacidade de 360 garrafões por hora

Ainda em 1963 ocorrem protestos populares contra o encerramento da fonte, que segundo as autoridades de inspeção da água, estava contaminada por resíduos de esgoto.

No início da década de 60 do século XX dada sua degradação é reconhecida pelos populares como fonte das ratas.

fonte: As Águas de Alfama- Memórias do passado da cidade de Lisboa
por Elsa Cristina Ramalho e Maria Carla Lourenço




fotomontagem intervenção- Fonte das ratas.



A intenção é reativar a fonte como espaço de lazer e memória.Onde antes existiu o tanque das lavadeiras, crio em em seu pavimento pequenas canaletas que ligam as águas da Fonte das ratas com o largo de São Rafael, situada em uma cota mais elevada. criando um percurso por entre o beco das barrelas até o largo das ratas.

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